Artigo aborda dois aventureiros que decidiram mudar radicalmente seu estilo de vida e passar a rodar o mundo inteiro a bordo de uma motocicleta

TEXTO E FOTOS: ADRIANA FURTADO & FERNANDO TIROLO GOMES

Já reparou ultimamente na onda de pessoas que estão largando tudo para viajar o mundo? É como se aquela história do bichinho da viagem tivesse evoluído e o povo não quer mais fazer apenas passeios de férias, mas sim tornar o ato de viajar como um estilo de vida! Sendo de kombi, van, moto, ou até mesmo de carona. O Fê e eu iniciamos nossa jornada em Julho de 2017 quando decidimos largar tudo e cair na estrada com a nossa moto em busca de um novo jeitão de viver.

Nos conhecemos em Londres e logo compramos uma Yamaha XJ6-S Diversion zeradinha – o nome dela é Blue. Pegamos a motoca e toda oportunidade que tínhamos (final de semana, feriado prolongado, etc) viajávamos não só pelo interior da Inglaterra, mas também por outros lugares como País de Gales, Escócia, Irlanda, Irlanda do Norte, França, Bélgica, Holanda, e até uma viagem mais longa (3.000km) para os Alpes Italianos, onde ficamos atolados pela neve no topo de uma montanha (foi nossa primeira vez vendo neve de verdade!).

Decisão tomada

Foi em Julho de 2015 quando decidimos fazer nossa primeira viagem longa de verdade, cerca de 10.000 quilômetros saindo de Londres e indo até Istambul, passando por mais de 20 países em pouco mais de 20 dias. Depois, em dezembro daquele mesmo ano, decidimos conhecer Espanha e Marrocos de moto. Apesar de muita gente alertar que seria perigoso, saímos novamente com a Blue por caminhos desconhecidos, querendo aprender uma cultura totalmente diferente da europeia, sonhando com o deserto do Saara e o calor. Foi incrível! Tivemos um choque cultural muito grande. Nômades do deserto chamados de Bérberes, que falavam só a língua deles, nos convidaram para tomar um chá na sua tenda. Com muita linguagem corporal tentamos conversar e a sorte nossa de ter um Italiano viajando há 8 anos de bicicleta sozinho foi o que nos ajudou a traduzir algumas coisas.

Esse momento que parecia um sonho foi a inspiração que faltava para criar a coragem. A vontade de sair pelo mundo existe faz tempo, mas todas as dúvidas, medos e o desconhecido faziam que a gente só pensasse nisso depois da aposentadoria.

Em outra viagem pelo interior da Inglaterra, uma senhora de 70 e poucos anos da Nova Zelândia estava acampando no mesmo lugar que nós. Ela viajava sozinha com uma Vespa 125, indo sentido Itália para o encontro mundial de Vespa. Fernando estava admirado com a vontade da senhora e disse do nosso plano de aposentadoria. Ela retrucou para ele e disse “Agora você é jovem, e tem saúde! Depois só fica mais difícil. Escuta o que estou dizendo”.

Vivendo a vida

Nossas experiências nas viagens com pessoas que estavam fazendo aquilo que queríamos nos fez tomar a decisão de sair com o que tínhamos e viajar o mundo de motocicleta. A melhor parte da nossa viagem continua sendo conhecer pessoas, e não tem um momento que o arrependimento tenha batido.

Hoje, vemos porque aqueles encontros nos ajudaram a entender que não fazia sentido trabalhar 11 meses para viver nosso sonho por apenas um mês. Agora estamos realizando esse sonho o ano todo, vivendo o presente, aprendendo coisas novas e conhecendo pessoas incríveis todos os dias.

Aprendemos que o mundo tem mais gente de coração bom e que o tempo, agora, passa devagar, sem rotinas. Estamos vivendo um “Estilo de Vida Viajante” (é assim que chamamos nosso projeto nas mídias sociais). Ter largado tudo para viver nossos sonhos valeu a pena, e muito!

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