Roteiro revive, em sentido inverso, expedição feita por Dom Pedro II em Alagoas, que inclui visita ao local onde Lampião foi morto e termina no encontro entre o rio São Francisco e o mar

Texto e fotos: Hugo Falcão

Em 1859 Dom Pedro II realizou uma expedição ao longo do rio São Francisco, desde sua foz, em Piaçabuçu, em Alagoas, até as cachoeiras de Paulo Afonso, na Bahia. O propósito da expedição era levantar as potencialidades dos povoados ribeirinhos e conhecer a riqueza da fauna e da flora do nordeste brasileiro.

Essa aventura foi realizada de barco e a cavalo, por 210 km e 60 km, respectivamente, percorrendo as cidades de Piaçabuçu, Penedo, Igreja Nova, Porto Real do Colégio, São Braz, Traipu, Belo Monte, Pão de Açúcar, Piranhas, Olhos D’Água do Casado, Delmiro Gouveia, Água Branca (municípios de Alagoas) e Paulo Afonso, na Bahia.

No ano de 2006 surgiu um projeto cuja proposta era elaborar um roteiro que prestigiasse essa passagem de Dom Pedro II por terras alagoanas. O “Caminhos do Imperador” leva os aventureiros por estradas de asfalto e, em alguns pontos, de terra, em meio à vegetação de caatinga, onde toda a beleza do sertão pode ser vislumbrada.

Ao tomar conhecimento do projeto, decidi fazer esse roteiro para homenagear o motociclista Roberto Atobá (1959-2014), um desbravador que rodou o país por estradas pouco conhecidas, em busca de um Brasil que poucos conhecem, e sempre de motocicleta. Para tal, convidei os motociclistas Roberto Santoro (o Piraju), José Roberto (o Zerob) e Karla CPS para repetirmos a aventura de Dom Pedro II, só que no sentido inverso, partindo de Água Branca (AL) e chegando até a foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu (AL), onde chegaríamos pela praia até o encontro das águas do mar com o “Velho Chico”.

O PLANEJAMENTO

Decidimos nos encontrar na cidade de Piranhas, sertão de Alagoas, que seria um ótimo ponto de partida graças à sua boa infraestrutura. Poderíamos ainda curtir um pouco da cidade histórica antes de partirmos em busca dos “Caminhos do Imperador”. Na cidade nos hospedamos em uma pousada às margens do rio São Francisco, na parte antiga, chamada de Piranhas Velha. O local fica um pouco isolado do centro da cidade, com acesso por meio de uma estrada de terra que margeia o rio. Para quem quer visitar a cidade, Piranhas dispõe de boas opções de pousadas e hotéis, todos situados na parte velha do município.

O COMEÇO DA AVENTURA

Saí de Maceió, capital alagoana, com minha esposa Niva Falcão na garupa da moto e seguimos até a cidade de Piranhas pela rodovia AL-220, passando por cidades como Arapiraca e Olho D’Água do Casado. A estrada está em ótimas condições, em alguns trechos já duplicada. Mas a maior parte da rodovia possui pista simples, porém sem riscos aos motociclistas. Passeamos pela cidade e encontramos os demais companheiros de viagem no fim do dia.

ÁGUA BRANCA, O INÍCIO

Após a chegada dos nossos companheiros de viagem, saímos para jantar no centro de Piranhas Velha e acertamos alguns detalhes para o início da aventura. Agora só nos restava aproveitar o resto da noite e voltar para a pousada a fim de descansar um pouco antes de começarmos a aventura no dia seguinte.

Nosso novo dia começou com a ida até a cidade de Água Branca, marco inicial do roteiro “Caminhos do Imperador”, onde visitamos a casa do Barão de Água Branca e conhecemos o mirante do Calvário, localizado a 730 m de altitude.

Confira a Parte 2 do roteiro.

*Matéria publicada na edição #190 da revista Moto Adventure.