Seis amigos desbravaram o “Vale Europeu”, em Santa Catarina, onde partilharam momentos divertidos e o prazer da pilotagem

TEXTO E FOTOS: ADENILSON PADOVAN

Acredito que nunca fizemos tanta justiça ao nome do nosso moto clube: “Sem Rumo”. A proposta desta viagem era passar pela cidade de Pomerode (SC), curtir a Festa Pomerana e continuar até as serras gaúchas. Mas, vamos ao que realmente aconteceu.

Antes de tudo, apresentemos os companheiros: Alex, com seu “mamute” de 300 kg (uma Triumph Tiger 1200 branca); Nisflei, que deixou sua Triumph Tiger 800 de lado e apareceu de Kawasaki Versys 650 (ABS) laranja; Renezinho, com seus 1,45 m (o mais baixinho da turma), também com uma Versys 650 laranja; Renatão, que estava de moto nova (uma Suzuki Vstrom 1000 XT preta); Marcão, com sua simpática e versátil Kawasaki Versys 300 X; e por fim, este que vos escreve, com uma Kawasaki Versys 650 preta (ABS). Nota-se que a Kawasaki dominou a viagem (mais especificamente, as Versys).

O ROTEIRO

A sensação de partir sobre duas rodas em companhia de amigos é um privilégio que espero ter por muito tempo. Encontramo-nos às 6h30 no posto Shell do Riacho Grande, em São Bernardo do Campo, com a proposta de tomar um café da manhã na cidade de Registro e seguir pela rodovia Anchieta, ótima estrada para aquecer os pneus. Após 230 km, paramos no posto Graal. Café, abastecimento, um breve papo e pé na estrada. A Rodovia Régis Bittencourt é uma delícia para quem gosta de curvas e belezas naturais, uma verdadeira curtição até pegarmos a Rodovia 101 (o único inconveniente são os pedágios). Por volta das 13h, já tínhamos descido a Serra de Curitiba e almoçamos em Joinville. Às 15h, estávamos em Pomerode (SC) e, devido à Festa Pomerana, não encontramos pousada.

Rumamos para a cidade de Timbó, a 20 km de distância. Hospedamo-nos no Hotel Iriás, no centro da cidade, com diária de R$ 65,00. Bingo! Sem saber, estávamos entrando no Circuito do Vale Europeu – e a partir daquele momento, o passeio ficou literalmente sem rumo. Jantamos em um restaurante chamado Thaphyoca, à beira do Rio Benedito, e a cidade começou a nos surpreender por sua beleza e hospitalidade. Conversando com os moradores, descobrimos que havia uma infinidade de passeios paradisíacos para realizarmos. Após uma breve prosa, decidimos mandar um efusivo abraço ao pessoal das serras gaúchas, mas iriamos estabelecer pousada em Timbó pelos próximos dias.

TUDO O QUE SOBE…

Na manhã seguinte, após o café da manhã (por sinal, bem fraquinho!), partimos para o Morro Azul (Parque Ecológico Freymund Germer), um lugar idílico e bem próximo ao centro de Timbó. A partir deste passeio, tivemos que começar a testar nossas habilidades nas vias sem asfalto, algo cansativo e preocupante para quem não domina a arte de pilotar na terra (meu caso!).

Encaramos subidas cada vez mais íngremes e difíceis até chegarmos ao topo – afinal, são 758 m de altitude, um local onde se pratica voo livre. Contemplamos um lindo panorama, do qual se avistava Blumenau, Pomerode, Timbó etc. Em seguida, chegou a hora que eu mais temia: descer aquela ribanceira toda! Após alguns sustos, tudo terminou bem – mas, para não dar chance ao azar, continuei a descida com a dócil Kawasaki Versys 300 X do Marcão (ele voltou a bordo da minha querida Versys 650).

Tudo na vida tem uma compensação: no caminho, encontramos o bar da Dona Ivanil. Em meio a muita cerveja e descontração, conversamos com Edson, um morador do bairro, que nos deu boas dicas sobre a região. Em seguida, conhecemos seu netinho, Henrique, de apenas 10 anos, que é um promissor piloto de motocross (após assistir a alguns de seus vídeos, conclui que preciso de um curso de pilotagem off-road!). Esses bares são verdadeiras escolas da vida.

Chegando ao hotel, jantamos e fomos passear na cidade, onde fotografamos a linda ponte sobre o Rio Benedito, ao lado do restaurante Thaphyoca. À noite, rumamos para a 36ª Festa Pomerana, a celebração mais alemã realizada no Brasil. O evento é um show, com ótimas bandas, comida típica e uma infinidade de cervejas artesanais, fora o ambiente agradável. Vale a pena! O ingresso custa R$ 30,00 e as cervejas de 500 ml são comercializadas a partir de R$ 11,00. A comida varia conforme a fome e o bolso. Ali, canta-se, dança-se e bebe-se das 22h às 4h da manhã.

RADICALISMO À FLOR DA PELE

Foi com muito custo que nos levantamos na manhã seguinte, determinados a continuar explorando Timbó e região – o chamado “Circuito do Vale Europeu”. Rumamos para a cidade de Rodeio, a 20 km. O destino era a maior tirolesa das Américas, com 2 km de percurso e altitude de 900 m (em relação ao nível do mar) em seu ponto de saída, com um desnível de 270 m, podendo chegar à velocidade de 100 km/h. Pura diversão! 

Antes de chegarmos à tirolesa, enfrentamos 10 km de terra. Mas foi tranquilo – a estrada era boa e passava por lindos vilarejos. Decidimos descer na tirolesa, eu, Renatão e Nisflei, coisa que somente os fortes fazem, enquanto o trio de fracos (Rene, Panda e Marcão) ficou assistindo e inventando milhares de desculpas para não ir. Valor da descida: R$ 95,00 (incluindo transporte de caminhonete até o topo da montanha). A vista lá de cima é fantástica: mais uma vez, avistamos Timbó, Pomerode, Blumenau, Rodeio e um horizonte magnifico e infinito. A descida… só fazendo para saber qual é a sensação, difícil de descrever com palavras. É como estar solto no ar (sua existência depende apenas de um cabo e de um cinto).

O dia seguinte (um domingo) foi mais uma oportunidade para passeios. O destino da vez era a região dos lagos, no distrito de Rio dos Cedros. A região se encontra a 25 km do centro de Rio dos Cedros, que, por sua vez, fica a 10 km de Timbó, sendo que esses 25 km são de estrada de chão batido. O caminho também faz parte do Circuito do Vale Europeu. A estrada é margeada pelo Rio Cedros, de uma beleza quase surreal. É, também, rota de ciclistas… muitos fazem o circuito de 300 km – haja fôlego! Após várias paradas para tirarmos fotos, além de diversas pontes, vilarejos e subidas, chegamos a Palmeiras e nos defrontamos com o Lago Rio Bonito, aproximadamente a 850 m do nível do mar. Nossa parada foi no agradável bar da Dona Marta, uma autêntica cidadã dos lagos. Renato e Marcão decidiram seguir em frente até a Cachoeira de Formosa, a 10 km dali, enquanto os demais rumavam no sentido de Alto Cedros. Paramos para almoçar no restaurante alemão Ess-Haus. Após uma ótima refeição, seguimos o fluxo.

Iniciamos o retorno e foram incríveis 20 minutos de descida de chão batido com curvas de cotovelo. Que estrada bonita! De volta à charmosa Timbó, ao cair da tarde, fomos para uma conveniência chamada Da Hora, onde há de tudo: encontramos a cerveja Colorado, de Ribeirão Preto, e acabamos com as poucas unidades disponíveis. Para fechar a noite, comemos um lanche no Food Truck, um local muito aconchegante e com bons preços. Ou seja: mais cerveja e comida! O Sem Rumo é assim: se você não está andando de moto, está comento e bebendo. O que poderia ser melhor?

O RETORNO

Hora de retornar (tudo o que é bom precisa terminar em algum momento, para que fiquemos com aquela vontade de repetir a experiência!). A volta foi tranquila, sempre com algumas paradas para abastecimento. A cada passeio que realizo junto com essa turma, sinto-me mais novo, alegre e com disposição redobrada para rodar, rodar e rodar… Se isto é envelhecer, não tenho queixas!

Alex, Nisflei, Renatão, Marcão e Renezinho: muito obrigado por fazerem parte de mais 1.600 km desta parceria. E aos demais amantes das duas rodas: não deixem de conhecer o Circuito do Vale Europeu, em Santa Catarina!

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