Passeio dos “Jurássicos” na região ocorreu de 15 a 18 de junho de 2017, sendo 2.400 km rodados
Texto: Luiz Carlos Aceti Júnior
Fotos: Débora Aceti
Moto Grupo Com Dores do Asfalto
Em 11 de junho de 2017, a turminha de jurássicos do Moto Grupo Com Dores do Asfalto resolveu tomar um café no Deoclecius, de Holambra/SP. Lá chegando, começaram a conversar sobre a possibilidade de uma viagem inesquecível, e o nosso brother Turcati lançou a ideia: “Poderíamos ir para a Serra do Rio do Rastro em algum feriado”. De bate-pronto, O nosso parceiro Ezio respondeu: “Se forem no próximo feriadão (de 15 a 18 de junho de 2017) eu vou”.
Nesse momento, percebemos que a conversa começava a ficar séria. Após contar o fato à esposa, Flavia, quando Aceti questionou se ela iria com ele, a reposta foi positiva.
“Ei, vou com a Flavia!”, disse Luiz Carlos Aceti Júnior, um dos integrantes do grupo, conhecido carinhosamente no mundo do motociclismo por Aceti.
A sugestão de viagem empolgou os motociclistas do Com Dores do Asfalto, que logo começaram a desenhar o roteiro da viagem. “Vamos até Curitiba e no dia seguinte, seguimos viagem. Não, vamos até Joinville”, comentaram os integrantes do grupo.
Houve uma divulgação nos grupos de bate-papo virtual, nas redes sociais e cyber grupo de e-mail. “Um engraçadinho do grupo denominou o roteiro de ‘Expedição Padaria’, pois sempre fazemos passeios para nos divertir e comer, é claro! Logo, estaríamos indo procurar padarias próximas da Serra do Rio do Rastro para tomarmos nosso famoso café geriátrico. Até uma logo-marca da expedição foi criada. A partir disso, outros brothers foram aderindo ao grupo e os preparativos começaram a ocorrer já na tarde do dia 11 de junho”, contou Aceti.
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Busca pela estadia
Começou, então, uma busca na internet por hotéis, restaurantes, montagem do roteiro, verificação da previsão do tempo para saber a possibilidade de chuva naquela região, entre outros detalhes. “A expectativa era de rodar quatro dias inteiros e torcer para termos onde nos hospedar. Alguns de nós estariam realizando sonhos antigos, de adolescência mesmo. Nem todos têm a oportunidade de fazer tudo que gostaria quando jovem. Acho, na verdade, que bem poucos. Falta de recursos, discordância com os pais, enfim, tantos motivos. Sendo assim, seguimos em frente”, afirmou o motociclista.
No começo da semana, o grupo já percebeu que, na serra, seria impossível de ficar, pois todos os hotéis e pousadas já estavam lotados e com reservas feitas antecipadamente. “Decidimos, então, que ficaríamos hospedados em Joinville/SC e em Orleans/SC, esta última no pé da Serra”.
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Primeira etapa
O ponto de encontro foi no Posto JJ Petro, de Espírito Santo do Pinhal/SP, para saída pontualmente às 6h. “Ainda estava escuro e frio. Lá estavam os seguintes brothers: Maria Flavia Curtolo Reis (Flavia – 48 anos) de Espírito Santo do Pinhal/SP;
Antônio Carlos Turcati Tobias (Turcati – 65 anos) de Espírito Santo do Pinhal/SP;
Antônio Carlos Agostini (Toninho – 63 anos) de Espírito Santo do Pinhal/SP;
Milton César Ramos de Sousa (Miltão – 47 anos) de Andradas/MG;.
José Antônio Fonseca Filho (Zé Antonio – 51 anos) de São João da Boa Vista/SP
e o Breno Lanza de Oliveira (Breno – 48 anos) de São João da Boa Vista/SP.
Rodamos até o Deoclecius de Holambra/SP, e lá encontramos o Ezio Antonio Santini (Genezio – 66 anos) de Itapira/SP.
O sol começava a aparecer, o que foi um alívio, pois o ar frio maltratava os motociclistas que, em seguida, rodaram até o primeiro pedágio entre Campinas/SP e Indaiatuba/SP, onde encontraram o casal Marco Antônio Torres (Marcão – 50 anos) e Debora Cristina Siqueira Aceti (Debora – 39 anos) de Rio Claro/SP.
“Estava fechado o grupo com oito motos e de lá seguimos para nosso primeiro reabastecimento, na cidade de Sorocaba/SP.
Em seguida, saímos com destino a Registro/SP pela Rota da Cabeça da Anta, uma estrada estreita, sem acostamento e movimentada.
Chegamos às 12h18 no Posto GRAAL Ouro Verde, em Registro/SP, na Rodovia Regis Bitencourt, parada obrigatória para abastecimento e almoço leve”, relata Aceti.
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Segunda etapa
O grupo continuou na rodovia Regis Bittencourt com destino a Curitiba/PR, e o volume de caminhões em alta velocidade chegou a gerar um certo incômodo aos condutores de motos, porém, rapidamente o grupo passou a rodar na velocidade da pista e mais rápido que os caminhões, sempre escapando do trânsito pesado. “É importante que as motos nunca fiquem no meio ou próximos de caminhões, pois a chance de acidente é grande. A motocicleta deve sempre ultrapassar o trânsito pesado, rodando à frente, por ser menor e mais ágil. Pegamos garoa, frio e muito spray que vinha das rodas dos caminhões. O Toninho se perdeu do bonde e voltou a nos encontrar. Foi um começo um pouco tenso, pois não conseguíamos rodar em formação tradicional de bonde, já que o risco era grande, e também não conseguíamos rodar em fila única, pois dificultava a ultrapassagem dos veículos, então formamos mini grupos por afinidades, onde um grupinho ficava no visual com o outro, dando espaço para os carros ultrapassarem, e essa foi a regra de todo o percurso pela BR”, detalhou Aceti.
Uma coisa é ter afinidade em bate-papos, sentados confortavelmente em mesas, outra é o entrosamento na estrada, pois cada motociclista tem uma maneira de dirigir. Mesmo em viagens curtas não é possível identificar estas situações. Se as estradas são tranquilas, cada um segue do seu jeito e todos chegam ao destino praticamente juntos.
Então, quando um grupo pretende viajar junto, deve ter essa perspectiva em mente. As estradas mais movimentadas impõem um ritmo com o qual nem todo motociclista está habituado. Portanto, uma dica é: antes de fazer uma viagem mais longa, teste com o grupo um passeio mais curto por estradas que requerem mais coesão dos motociclistas.
“Exatamente às 15h42m chegamos ao Posto e Churrascaria Cupim em Curitiba/PR. Lá, abastecemos as motos, esticamos as pernas e já voltamos para a estrada, com destino a Joinvile/SC. Outra dica para quem pretende viajar para longas distâncias é fazer paradas a cada duas horas para descanso. As garupas também agradecem.
Chegamos ao Blue Tree Towers Joinville Hotel às 18h02 cansados, mas energizados! Depois de instalados em nossos quartos, decidimos ficar por perto e fomos jantar no Shopping Muller, que fica exatamente a uma quadra do referido hotel. Joinville é uma bela cidade e de fácil locomoção”, comemora Aceti.
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Etapa 3: o tão sonhado dia!
Às 7h o Ezio, motociclista mais experiente do grupo, já estava em cima da moto, com malas prontas, motor ligado e chamando a turma para rodar. Eles pegaram a BR101 e desceram sentido Tubarão/SC. Antes da cidade de Porto Belo/SC houve um congestionamento enorme, o que gerou um certo atraso aos aventureiros. “Mesmo passando pelo corredor entre os carros e caminhões, perdemos 3 horas de nosso cronograma, o que bagunçou todo o nosso planejamento. Aqui vai mais uma dica: imprevistos sempre acontecem. Mesmo que o planejamento seja muito bem feito. Por isso, não percam o foco, que é passear e se divertir. Se não der pra fazer tudo que planejou, paciência. Fica uma brecha para outro passeio. Nada de correria e estress”.
Após o congestionamento, a parada, às 11h, foi realizada no Posto BR para reabastecer. O grupo voltou a parar somente em Tubarão/SC, às 12h42, no Frateli Auto Posto, na subida para Lauro Muller/SC.
Todos estavam cansados, mas muito animados para continuar, mesmo sem almoço. Uma vez que já havíam perdido bastante tempo no congestionamento, o grupo não queria correr o risco de demorar mais para subir a serra e pegar neblina na hora da descida. “A Serra é um espetáculo à parte. A subida dá um friozinho na barriga, pois ela acontece bem do lado do despenhadeiro. É realmente muito alto, mas vale cada minuto. A paisagem é deslumbrante, imponente e inesquecível. A descida é bem mais tranquila, já que ficamos ao lado do paredão. Os carros e caminhões sobem e descem a todo o momento, ao lado de gente parada nos espaços próprios para admirar a paisagem. Como a estrada é muito estreita, nos trechos de curva fechada, o pessoal para e espera o outro passar, e assim acontece em todo o trajeto. Felizmente, nesse dia, o céu estava totalmente limpo e pudemos admirar cada pedacinho daquela paisagem”.
A chegada ao Mirante da Serra do Rio do Rastro aconteceu às 14h46. Um pouco mais tarde, às 15h43, o Moto Grupo parou as motos, aproveitou para tirar muitas fotos e tomar um capuccino com pastel de queijo. “A Serra do Rio do Rastro é a meca do motociclismo brasileiro. Todo motociclista precisa ir, ao menos uma vez, com sua moto até esse local deslumbrante. No mirante da Serra do Rio Rastro, reunimos a turma, abrimos a nossa bandeira do moto grupo e fizemos uma singela homenagem ao nosso brother Ricardo Coelho, que está em tratamento médico e, se não fosse isso, estaria lá conosco”, diz Aceti.
O local conta com alguns estabelecimentos comerciais para os turistas poderem comprar lembranças da serra e locais para alimentação. Há um banheiro público muito mal conservado, o que é uma pena. As lixeiras em frente ao Mirante não suportam o movimento e há lixo no chão. Felizmente, nada disso atrapalha o visual da serra. “Ficamos lá apreciando a paisagem e conversando por mais de uma hora. Estava em nossos planos visitar a famosa São Joaquim/SC, onde os termômetros marcam temperaturas das mais baixas no Brasil, mas não foi possível por causa do horário e não queríamos descer a Serra ao anoitecer. Então, ainda com dia ensolarado, nos despedimos e descemos a Serra do Rio do Rastro, pois iríamos dormir no hotel em Orleans/SC. E, sinceramente, a descida da Serra é mais tranquila, e muito mais lindo, pois dá para ver tudo lá de cima. A natureza é exuberante, e a energia envolveu a todos. Descemos até Orleans/SC e, às 17h03, estávamos abastecendo as motos, e seguimos para o Real Nob Hotel, em Orleans/SC, para jantar e pernoitar. No dia seguinte, teríamos mais estradas pela frente”.
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Etapa 4: Visitando Blumenau/SP
Após tomarem um bom café da manhã no Real Nob Hotel, onde é servido um salame colonial delicioso, o grupo aguardou um pouco a neblina ceder para sair. “Seguimos de volta para a BR101 e subimos, passando por Laguna/SC, cuja travessia da ponte Anita Garibaldi é um espetáculo à parte. Passamos por São José/SC e, após a entrada de Brusque/SC, entramos em sentido de Ilhota/SC, Gaspar/SC, até chegar em Blumenau/SC. O percurso apresenta paisagens lindas e a pista estava relativamente vazia. Rodamos muito bem nesse dia. Chegamos em Blumenau/SC, fomos direto para o centro da cidade e estacionamos as motos ao lado da Prefeitura para tirar algumas fotos no trem ali existente”.
Mas, aí, veio a surpresa: Blumenau, cidade importante do estado e turística, fecha 100% do seu comércio em feriados. O moto grupo ficou desapontado, pois rodou tanto para conhecer a cidade e nada estava funcionando. “Achamos um restaurante por quilo funcionando, mas o brother Breno se recusou a comer ali, não pela qualidade da comida ou limpeza, mas pelo fato de estar em Blumenau e não conseguir comer uma comida alemã. Nesse momento, surge uma família residente lá e, muito atenciosos, nos levou para conhecer o Centro de Tradições Alemãs de Blumenau, que segundo a esposa, seria o local indicado para apreciar a comida típica local. Voltamos correndo para nossas motos e seguimos o carro daquela família abençoada. Chegamos ao local às 14h10 e conseguimos realmente almoçar, degustando comidas típicas a um preço bem razoável”.
Após o almoço e um período de descanso, O Com Dores do Asfalto pegou a estrada, mas não voltaram pela BR101: Aceti resolveu fazer uma surpresa para todos e voltou para Joinville/SC, por estradas secundárias, passando por Massaranduba/SC, Jaguará do Sul/SC, Dedo Grosso/SC, saindo na BR101 ao lado de Joinville/SC (20km de distância). “Chegamos ao Blue Tree Towers Joinville Hotel às 18h06, todos maravilhados com as paisagens do interior de Santa Catarina. Os jurássicos já estavam bem entrosados, inclusive no quesito estrada. Como no dia seguinte tínhamos uma longa viagem de volta para nossas casas, resolvemos ir dormir cedo. Pelo menos eu e minha esposa”.
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Etapa 5: O retorno
Domingo foi dia de acordar cedo e descer para tomar café. Às 7h, para variar, o Ezio, já estava em cima da moto, esquentando motor, e chamando a turma para rodar. “Saímos pontualmente às 07h30 do hotel. Nossas motos já estavam com tanque cheio, pois na frente do hotel havia um posto de gasolina e abastecíamos antes de terminar o passeio no dia anterior. Resolvemos não retornar por Registro/SP, Serra da Cabeça de Anta/SP, mas sim por Ponta Grossa/PR, Sengés/PR, Itapetininga/SP, Sorocaba/SP, Campinas/SP, aparentemente um pouco mais longe, porém, retornaríamos sem riscos de trânsito pesado por causa da volta do feriadão. As estradas estão conservadas, sem buracos, mas são pistas simples e boa parte com faixa contínua por causa das curvas”.
Para o grupo, rodar até Curitiba/PR foi mais tranquilo. “Após isso, fomos até Ponta Grossa/PR, em seguida rumamos para Sengés/PR; ficamos surpresos com os preços de pedágios daquela região do norte do Paraná, bem altos para motocicletas, mas passando para o estado Paulista as motos seguiram isentas de cobrança. E por falar em pedágio, a dica é que a primeira moto pague para as demais, assim economiza o tempo de todos”.
Aceti conta que, às 9h50, estavam abastecendo no Posto Ravanelo em Campo Largo/PR, e às 12h47 foram abastecer no Posto e Churrascaria WD em Sengés/PR, última cidade do Paraná. O restaurante é bastante movimentado e oferece self service. “Pegamos no norte do Paraná um trecho grande em duplicação, mas não havia trânsito muito pesado. Valeu à pena retornar por ali, estávamos todos cansados e ficar no meio de carros e caminhões seria um risco. Paramos em Itapetininga/SP para abastecer. Atingimos a Rodovia dos Bandeirantes e o casal Marcos Torres e Debora Aceti, saíram do bonde, pois rumaram para Rio Claro/SP. Exatamente às 17h57, estávamos no Posto Frango Assado em Jaguariúna/SP, para o Ézio colocar combustível e conseguir chegar em casa. Ali, nos despedimos de todos. Milton saiu correndo para chegar logo em Andradas/MG, Ezio saiu em seguida rumo a Itapira/SP; e os demais seguiram juntos até Espírito Santo do Pinhal/SP, enquanto o Ze Antonio e o Breno rumaram para São João da Boa Vista/SP. Chegando em nossas casas todos avisaram por mensagem de texto que haviam chegado em segurança. E, assim, já com saudade, acabou nosso passeio”, finaliza Aceti.
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