Ganhando iluminação full LED e um belo painel em TFT colorido, a Z900 2021 ficou com visual mais moderno e com ainda mais tecnologia embarcada, mas mantendo o mesmo vigor de sempre.
Texto: André Ramos
Fotos: Edgar Klein
Ela surgiu em 2017 para substituir a consagrada Z800 e para 2021, a marca nipônica deu um tapa em seu visual, o chamado facelift, para revigorar a moça e resgatar o interesse do consumidor.
Na prática, a moto ganhou um novo conjunto de gráficos, iluminação full LED e um novo e moderno painel em TFT colorido, de 4,3 polegadas, que oferece excelente visibilidade, amplo leque de informações e uma série de possibilidades de exploração da motocicleta. Mas um outro elemento que ainda se destaca é seu recurso Bluetooth, que permite conexão com o aplicativo “Rideology, The App”, que assemelha-se a uma telemetria e ainda o acerto dos modos de pilotagem e do controle de tração da moto.
Ainda em relação ao painel, destacam-se suas duas opções de cores de fundo (preto e branco), sensor de iluminação, que amplia ou reduz a intensidade luminosa e também, sua shift light, que faz piscar a barra do conta-giros quando atinge o momento da troca ou mesmo quando o motor está cortando o giro.
Hi tech
Mas a tecnologia está presente de outras maneiras na Z900 2021. Para ajudar a domar toda a cavalaria de seu motor, a Kawasaki desenvolveu três importantes recursos que contribuem para tornar mais fácil a vida do piloto, mas sem deixar a moto mansa demais.
O primeiro deles é o sistema de dupla válvula no corpo de aceleração. Em motos de esportivas de alta cilindrada, esta peça acaba injetando ampla vazão da mistura ar-combustível para o cabeçote, mas acontece que este aporte bruto pode deixar a moto difícil de ser conduzida. Por isso, a Kawasaki instalou duas válvulas de aceleração controladas pela ECU que modulam este fluxo de gases, dosando o movimento feito pelo piloto no acelerador, resultando em uma subida de giros mais harmoniosa.
O segundo são os Modos de Pilotagem. Se você não está familiarizado com este device, trata-se de um sistema que modula parâmetros como o nível de potência entregue pela moto e o controle de tração (terceiro elemento), este, batizado pela marca de KTRC (Kawasaki Traction Control). De fábrica há três modos previamente setados: Rain, Road e Sport, além do modo Rider, que permite ao piloto combinar estes parâmetros acima citados a seu gosto.
Ainda falando sobre o controle de tração, além dos modos de intervenção 1 (menos invasivo) e 2 (mais invasivo), ainda é possível desativá-lo totalmente, condição recomendada para pilotos mais experientes.
Outro elemento bastante útil que a Z900 2021 apresenta é a embreagem assistida e deslizante, que deixa o manete mais leve e evita o travamento da roda nas reduções bruscas de marcha. Quase me esqueço: os dois manetes ainda contam com sistema de regulagem de altura, ampliando o conforto do usúario.
O motor não recebeu mudanças em sua capacidade volumétrica, mas ajustes para adequar-se à Euro5. Ele continua apresentando 948 cm3 de cilindrada, que geram os mesmos 125 cv a 9.500 rpm e 10,1 kgf.m a 7.700.
Ciclística
A Z900 apresenta quadro treliçado, com balança em alumínio. Este quadro permite com que o assento esteja a somente 820 mm em relação ao solo, o que faz com que pilotos não tão altos como este que vos escreve, consigam colocar os dois pés no chão. O senão disso, é que os joelhos acabam ficando muito dobrados, o que pode se traduzir em cansaço para tiros mais longos.
Com um ângulo de cáster de apenas 24,9o e um trail de 110 mm, a Z900 2021 mantém a conhecida agilidade que a gente já conhece, enquanto que seu guidão apresenta excelente ângulo de esterçamento para uma moto de seu porte (33o para ambos os lados).
Falando em suspensões, na dianteira há um garfo invertido de 41 mm de diâmetro, com curso de 120 mm, com opções de regulagem da pré-carga e do retorno. Atrás, o monoamortecedor é posicionado quase na horizontal. Esta é uma tecnologia que a Kawasaki chama de back-link, uma vez que o sistema de link está posicionado na parte de trás do amortecedor. O curso é de 140 mm e também conta com as mesmas regulagens.
Os freios apresentam discos margarida: na frente são dois de 300 mm, mordidos por pinças de quatro pistões; atrás ele mede 250 mm e conta com pinça de pistão único e, claro, apresentam ABS de duplo canal.
Quando foi apresentada em julho do ano passado, a Z900 2021 teve seu preço de lançamento fixado em R$ 45.990 para as primeiras unidades; depois passou para R$ 47.990 e agora, com essa disparada do dólar, já está custando entre R$ 49.990 e 50.990.
Impressões
A Kawasaki acertou muito na mão quando repensou esta motocicleta. A iluminação em LED, associada ao novo painel, deu o toque de refinamento que ela precisava. Ficou linda e sofisticada, mas sem perder sua agressividade – muito pelo contrário!
Este novo painel ampliou suas possibilidades e a conexão ao aplicativo foi um belo presente a seus proprietários, que passam a ter acesso a valiosas informações sobre seus percursos. Sem dúvida, é um gadget divertido que, infelizmente, não tivemos a oportunidade de experimentar, por estar passando por atualizações quando andamos na moto.
Se a moto pode intimidar quem a vê pela primeira vez e olha sua ficha técnica, por outro lado, basta dar uma volta no quarteirão para ter a impressão que já anda com ela há muito tempo. Palmas à eletrônica, que faz seu papel perfeitamente, deixando a tocada segura, mas divertida ao mesmo tempo. A entrega de potência é muito linear, o que se traduz em previsibilidade e muita segurança. Você saca rapidamente como ela se comporta.
E a ciclística? Cara… Como é fácil tocar esta moto. Ela é tão equilibrada que seus 212 kg (com todos os fluidos) desaparecem debaixo de suas pernas e você tem a nítida impressão de estar andando em uma moto muito menor que ela, mas logo seu vigor mecânico se encarrega de trazê-lo de volta à realidade.
Além disso, sua posição de pilotagem é agradável; você não fica muito mergulhado sobre o guidão, o que permite ampliar o tempo de pilotagem e ao mesmo tempo, confere boa movimentação na hora de atacar as curvas. Apenas seu assento poderia ter um pouco mais de espuma.
Mas o que faltou mesmo nesta moto foi um quickshifter. É um pecado uma moto desta envergadura e com esta proposta, não ter um recurso desta natureza.
Ficha Técnica
Motor: quadricilíndrico DOHC, 16V, arrefecimento líquido
Cilindrada: 948 cm3
Alimentação: injeção eletrônica
Diâmetro x Curso: 73,4 mm x 56 mm
Potência: 125 cv a 9.500 rpm
Torque: 10,1 kgf.m a 7.700 rpm
Câmbio: 6 velocidades
Chassi: treliça de aço
Susp. Diant.: invertida, 41 mm diâm. regulagens ret e pré-carga, 120 mm curso
Susp. Tras.: monoamortecedor com back-link, reg. ret. e pré-carga, 140 mm curso
Freio Diant.: discos duplos semi-flut de 300 mm, pinça quatro pistões, com ABS
Freio Tras.: disco 250 mm, pinça um pistão, com ABS
Pneu diant.: 120/70-ZR17
Pneu Tras.: 180/55-ZR17
Peso: 212 kg (ordem de marcha)
Tanque: 17 l
Preço: R$ 49.990 ~ R$ 50.990