Moto Adventure conversou com o diretor geral da KTM do Brasil, Paulo Alegria, que falou sobre a história da empresa, a expectativa da marca austríaca sobre a economia brasileira e a participação da KTM no motociclismo mundial

Texto: Guilherme Derrico
Fotos: Laertes Torrens Filho

KTM

A marca austríaca KTM está com ótimas expectativas para os próximos anos e aposta na evolução do mercado brasileiro. Em entrevista exclusiva a Moto Adventure, Paulo Alegria, diretor geral da empresa, destacou fatos da trajetória da KTM, desde sua fundação, na década de 1930, até os dias de hoje. “A KTM é uma marca austríaca com espírito de corridas e presente em competições em todo o mundo. As disputas são bases da fábrica para testar inovações tecnológicas que são inseridas no mercado por meio de nossos produtos. Trabalhamos com a filosofia ‘ready to race’, ou seja, oferecer para os consumidores a oportunidade de estar sempre pronto em todas as atividades com sua moto”, diz Alegria.

O espírito de aventura, inovação e paixão está impregnado na KTM desde 1934, quando, na cidade austríaca de Mattighofen, um dos fundadores abriu uma oficina. Depois de 20 anos, em 1953, teve início a produção industrial. Em 1992, a KTM passou por uma nova transformação, quando Stefan Pierer assumiu toda a operação, resultando no crescimento na atuação de todo o mercado europeu. Outro momento de evidência ocorreu em 1994, quando a KTM 620 Duke foi lançada, sendo a primeira moto de rua da fábrica. “O Brasil já estava há tempos no radar da fábrica, que chegou ao país em 2014, quando foi firmada uma parceria entre a Dafra Motos e KTM Sportmotorcycle GmbH, resultando na subsidiária KTM do Brasil, em um modelo único para a marca austríaca”, conta Alegria.

Amor pela velocidade

“A paixão pelas corridas é consagrada desde a nossa primeira vitória, em 1984, com Heinz Kinigadner, no Campeonato Mundial de Motocross, e está no DNA da empresa. Em 2017, nos tornamos a primeira fabricante a ter uma equipe oficial em todas as categorias do Campeonato Mundial de Motovelocidade”, conta Alegria.

Portfólio variado

Mas o que significa KTM? De acordo com Paulo Alegria, o nome KTM é a abreviação de Kronreif – Trunkenpolz – Mattighofen, nome dos fundadores e da cidade natal da empresa. Sobre a participação da KTM no mundo, o diretor relata que a marca é a “Premium” que mais cresce no mundo, além de liderar a categoria off-road. “São 29 subsidiárias, com mais de 2.200 concessionárias e importadores e 2.500 colaboradores diretos no mundo”.

A empresa possui oito fábricas espalhadas pelo globo. Além da planta de Mattighofen (Áustria), há fábricas no Brasil, Colômbia, Argentina, Índia, China, Malásia e Filipinas. “Possuímos mais de 40 modelos no mundo, e temos disponíveis no Brasil cinco modelos, sendo três de off-road e duas de street, além dos modelos importados, limitados a 100 unidades por ano e exclusivos para nossas cinco “flagships”, as concessionárias conceito da KTM. Atualmente no Brasil são vendidos os modelos KTM 200 Duke, KTM 390 Duke ABS, KTM 350 EXC-F, KTM 300 EXC e KTM 250 EXC-F”.

Os brasileiros

Paulo Alegria destrincha o perfil brasileiro relacionado à marca. “As nossas motos são as únicas ‘ready to race’ do mercado, com uma das melhores combinações de peso e potência da categoria. A experiência nas competições garantiu às nossas motocicletas motores mais eficientes e com alta potência, independente da cilindrada.

Um dos exemplos da tecnologia que saiu das pistas para as ruas é a suspensão dianteira invertida, que é exatamente igual em uma moto de corrida, oferecendo ao piloto conforto, esportividade e segurança. A tecnologia da suspensão invertida é oriunda do MotoGP e visa manter a roda em maior contato com o solo, traduzindo em pilotagens mais rápidas e seguras, tanto nas ruas, quanto nas pistas. E é isso que o consumidor da KTM 390 Duke ABS espera: esportividade todos os dias, em uma moto diferenciada, para um piloto urbano que gosta de agilidade e aventura, sem abrir mão da segurança e conforto.

Nos modelos de enduro, destacamos as melhorias no motor, que tiveram dimensões reduzidas, ganhando mais progressividade e linearidade na entrega de potência. Mas destacamos também as principais melhorias no modelo para reduzir peso e melhorar a dirigibilidade, levando a prática do enduro, de lazer ou profissional, a outro nível”, explica o executivo.

Presença global

Segundo Paulo Alegria, as motos KTM são comercializadas em mais de 60 países, com a mesma tecnologia em todos eles. “Estamos nos mercados mais competitivos e mais exigentes do mundo, como o Brasil. Em 2017 ainda não temos um número atualizado, entretanto, até 2016, foram mais de 200.000 unidades vendidas, o que consagrou a KTM como a maior fabricante europeia de motos. Atualmente, nossa “Taxa Composta Anual de Crescimento” (CAGR) é +22,5% desde 2010.  Contamos hoje com 29 concessionárias em todo o país, e temos um plano de expansão estruturado com a Dafra, mas ainda estamos em análise das cidades e potenciais parceiros”.

Parceria Dafra e KTM

“É uma parceria muito bem-sucedida, estabelecida em 2014. A Dafra Motos tem uma fábrica de alta qualidade, muito bem apetrechada tanto de equipamentos como de pessoas tecnicamente capazes, na Zona Franca de Manaus. Ao mesmo tempo, temos dois engenheiros austríacos residentes no Brasil para nos apoiar diariamente. Para comprovar, os números falam por si, e os problemas técnicos são praticamente inexistentes. Sobre as vendas em 2017, vamos passar as 2.000 unidades com certeza”, comemora Paulo Alegria.

Acelerando!

O executivo conta que a velocidade está presente no DNA da empresa. “O racing para a KTM vai além de um slogan, é a nossa motivação diária. A KTM tem mais de 270 títulos mundiais, dados até dezembro de 2016, sendo que já conquistamos muitos outros neste ano. Entre eles, temos grandes feitos, como a 16ª vitória consecutiva no famoso Rally Dakar, em 2017, por Sam Sunderland; no Motocross MXGP temos Tony Cairolli, que conquistou seu nono título mundial em 2017 neste mês, na penúltima etapa do campeonato; e no MX2 temos também um novo campeão mundial, o Pauls Jonass; no MotoGP vemos uma grande evolução em nossa equipe; no Moto2, Miguel Oliveira conquistou seis pódios neste ano, no último GP em terceiro lugar, menos de um segundo de diferença do primeiro lugar. No Moto3, somos campeões mundiais do ano passado. Estamos realizando progressos grandiosos, o que nos deixa muito empolgados e confiantes”.

Ainda sobre velocidade, Paulo Alegria diz que a marca tem grande destaque nas equipes nacionais. “Isso é resultado do projeto de nossas concessionárias Adventure Motorsport, Orange BH e Sacramento Racing. São pilotos da elite do enduro nacional, participando de etapas no Brasil e fora do país. Por exemplo, as equipes Orange BH e Sacramento Racing formaram uma delegação nacional para representar o Brasil no Six Days. Foram 14 anos sem uma equipe oficial para representar o nosso país, e três dos quatro pilotos ganharam medalha de ouro, além de terem conquistado o oitavo lugar na categoria por equipes”.

Economia em recuperação

De acordo com Paulo Alegria, a economia brasileira mostra sinais claros de recuperação. “Estamos otimistas em relação ao futuro. No entanto, é normal existir um delay entre esses indicadores e a economia real. Em relação a investimentos, vamos trazer algumas novidades para breve. O consumidor/motociclista brasileiro é exigente e entende das qualidades e diferenciais do produto, principalmente em uma categoria na qual os clientes esperam a boa relação entre desempenho e potência. O cliente KTM é apreciador do mix que une aventura, performance, radicalismo e a pureza que o motociclismo oferece e, no Brasil, isso não é diferente”.

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