A BMW XR foi testada e aprovada por um de nossos leitores, que passa agora suas impressões de pilotagem sobre essa máquina. Confira!

TEXTO: PAULO FRANCHETTI

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O relato

Esta é a minha quarta BMW! Tive uma que julgo a melhor touring do seu tempo, a Helga (2008, RT), depois uma outra RT, que se chamou Zelda (2011). Por fim, a Pomarola, de saudosa memória (a mais clássica e linda, uma RS 1993). E agora, essa XR. Há uma coisa em que a BMW me parece excepcional: a relação entre o custo e o benefício. Esta moto, por exemplo, a XR, ainda sem nome, porque o nome é uma questão de encaixe, e ainda não encontrei um que se encaixasse. Então: a moto custou 68.500,00 e já veio com o GPS Navigator V como parte do pacote. Veio com a ferragem das malas, mas sem elas. Para ter as malas originais, na cor da motocicleta, são mais R$ 6.600,00 reais. Total: 75.100,00. É caro, pois no Brasil, tudo é caro demais. Mas a questão é: o que a BMW entrega aqui por esse valor?

E aí a questão começa a ficar interessante: entrega uma moto de potência absurda (165 hp) e cheia de tecnologia. Quem gosta do assunto vai conseguir ler, quem não gosta, paciência – mas não tem como dizer, rapidamente, pois é muita coisa. Pois eis aqui o relato bem resumido: a moto tem quatro modos de pilotagem, traduzindo livremente – chuva, rodovia, rodovia esportiva, pista de corrida. Em cada um deles, a configuração muda: potência do motor, maneira de interferência do ABS, do controle de tração antiderrapagem, do controle antilevantamento da roda dianteira, atuação do ABS em curvas. Tudo isso pode ser desligado ou ligado, bem como a alternância entre os modos pré-configurados. E mais: em cada um dos modos, em movimento, permite ainda escolher entre dois modos de amortecimento: Road ou Dynamic, sendo ambos inteligentes, no sentido que detectam o tipo de piso e se ajustam a ele.

Mimos

O requinte da configuração é de tal modo surpreendente, que ao mudar para o modo de condução Dynamic se ativa a câmara de eco no escapamento, de maneira que ele possa pipocar gravemente nas reduzidas. Já antes de partir em viagem, é possível definir a altura da moto, conforme o piloto viaje sozinho e sem bagagem, sozinho com bagagem ou com garupa. E ainda um luxo que permite conforto e rendimento máximo: o assistente de troca de marchas, que permite mudá-las sem usar embreagem: de 1ª a 6ª e de 6ª a 1ª, suave e eficientemente.

Painel

O painel de informações é dos mais completos: traz o usual nas BMWs, e mais o registro de tempo de voltas, para andar em pista. Em termos de conforto, e mesmo de segurança, senti falta de duas coisas: bancos aquecidos (só as manoplas aquecem) e sensor de pressão dos pneus. O que talvez se explique pelo propósito da moto, que não é exatamente o de uma GS.

GPS

Por fim, o GPS. Os familiarizados com as novas GS sabem o que é isso: a perfeita integração do GPS com a motocicleta. Mas eu só tinha uma versão antiga do Navigator, na 2008. Portanto, foi tudo alegria: as informações da moto vão todas para a tela do GPS e ele é totalmente programável. Melhor ainda: funciona integrado a um app de celular gratuito, da BMW, que fornece ao GPS informações em tempo real sobre clima e sobre o trânsito, permitindo que se proponham trajetos alternativos. E a sofisticação começa na apresentação física do Navigator: um belo estojo, que vem acompanhado de uma chave para instalar a bateria que é, ela mesma, uma beleza! Outra coisa notável: pode-se programar o GPS para ficar bloqueado por código, como um celular – mas associá-lo a uma ou mais motos da marca, de modo que, uma vez fixado no suporte, ele reconheça o veículo e se desbloqueie.

Malas

Já no que ser refere às malas, é digno de registro que a facilidade de encaixe e desencaixe é fenomenal, embora não seja nova, pois é idêntica à das RTs e mesmo da Pomarola! A novidade requintada, desta vez, foi o amortecedor na tampa do tourpack, que além de ser um charme ajuda bem, quando se põe lá dentro um capacete, por exemplo, e não se quer correr o risco da batida seca da tampa sobre ele. Ah, sim, ia esquecendo: os alforges rígidos laterais agora têm uma base fixa, sobre a qual se apoiam as malas internas, para evitar que caiam quando se abre a tampa lateral. Quando se considera esse conjunto (e há mais coisas: amortecedor de direção, piloto automático, para-brisa regulável, etc), e quando se pondera o preço das motocicletas em geral no Brasil, não há como concluir outra coisa senão: a questão não é o custo abstrato, mas o que a fábrica entrega pelo preço que nos pede.

CONFIRA A GALERIA DE FOTOS: