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O emocionante relato de nossa leitora que ao chegar à cidade que seu pai sempre quis conhecer na Hungria, soube em uma ligação no meio da madrugada, que ele havia falecido no Brasil.

Esta viagem foi totalmente dedicada ao meu falecido pai, Giuseppe Draschi.

Eu estava quase cancelando esta viagem devido ao estado de saúde de meu pai, que lutava contra um câncer em estado terminal, mas conhecer Budapeste (Hungria) sempre foi um sonho dele e diante da sua insistência, segui viagem para conhecer esta cidade por ele. Independentemente de ir ou não, se algo acontecesse, eu jamais iria ao velório, pois queria e quero guardar aquele lindo sorriso e nossas boas conversas.

Saímos de Munique e seguimos rumo a Salzburg. No caminho, uma parada no lago Chiemsee, onde pudemos também pegar uma embarcação para conhecer um dos Castelos mais fantásticos construídos pelo rei Ludwig, o Herrenchiemsee, localizado na ilha de mesmo nome. Chegamos à tempo de passear pela bela cidade de Mozart; que cidade encantadora!  

No dia seguinte seguimos para Ljubliana, capital da Eslovênia. Ao longo de 320 km de muita beleza, passamos pela bela Road Nockalmstrasse, ainda na Áustria, que nos presenteou com  paisagens lindas.

No dia seguinte, tivemos a manhã livre para conhecer Ljubliana, e seu Castelo Medieval que fica no centro da cidade e leva o mesmo nome, oferecendo uma maravilhosa vista que debruça-se sobre a cidade!

Apenas 200 km nos separavam da pequena cidade à beira-mar de Vrsar (Croácia), ao longo de uma estrada cercada por muitos vinhedos e paisagens lindas, banhada pelo mar Adriático.

Lindas praias de águas transparentes nos acompanharam ao longo deste dia. Para caminhar ou entrar no mar, o ideal é usar sandálias plásticas, pois não tem areia e sim, muitas pedras, mas que lugar lindo! Fiz um passeio em um mini submarino que faz um pequeno tour pela costa da praia principal; na verdade, ele fica metade submerso, deixando as janelas debaixo d’água, o que nos permite ver o fundo do mar.

Com o coração mais calmo, Zagreb seria o nosso próximo destino. No caminho de 300 km, paramos na maior cidade da Croácia, Pula, onde conhecemos sua Grande Arena, um anfiteatro do tempo do Império Romano onde ocorreram muitas lutas de gladiadores.

Com a chegada a Zagreb, fomos conhecer um pouco da arquitetura austro-húngara da cidade, onde destaca-se sua catedral no estilo gótico com duas torres, uma delas em reforma. Confesso que a ansiedade não me deixou dormir direto naquela noite, pois a viagem do dia seguinte seria rumo a tão sonhada Budapeste.

A partida

E finalmente chegara o dia. Depois do café da manhã, seguimos viagem, e em uma das paradas para um lanche, recebi mais uma chamada de vídeo do meu pai. Mesmo sentindo que poderia ser a última, eu ainda queria acreditar que pudesse ser diferente. Como perder as esperanças, quando você aprende com seu próprio pai, a nunca desistir?

Rodados 380 km, chegamos à linda Budapeste. Nos hospedamos no lado Buda. Que cidade maravilhosa, que sonho em um dia lindo de verão. “Ahhhh pai, quão linda é esta cidade!”.

Atravessamos a linda Ponte Liberty Bridge rumo ao lado Peste e fizemos um lanche no mercado municipal. Que delícia de lugar. Voltamos para o hotel e tivemos uma noite agradável com os amigos de viagem. Mas à 1h30 da manhã em Budapeste (19h30, horário de Brasília), meu celular começou a tocar: era o óbvio naquele horário e recebi a triste notícia da partida do meu pai. Que noite difícil!

Na manhã seguinte, decidi que não ficaria chorando e sim, realizaria, através dos meus olhos o sonho dele. E para minha surpresa, logo ao lado do hotel, a famosa Igreja na Pedra, conhecida como a Caverna de São Ivan, me presenteou com a sua energia. Ali, em um dos altares eu ajoelhei, chorei e rezei por ele.

Apesar da dor que apertava meu peito, a boa energia e a felicidade tomaram conta de mim; eu sabia que ali comigo ele estava. Sei que você esperou eu chegar em Budapeste para partir. Naquela noite não acompanhei o jantar: me recolhi para rezar e pedir forças, para pilotar no dia seguinte.

Nosso percurso até Viena seria de apenas 285 km. Depois do café, e colocar os pés no chão, subi na moto, e com a melhor música “India”, senti que ele estava na minha garupa e seguimos viagem. De Viena, seguimos para as montanhas, apenas para passar a noite em Visoke Traty, um lugar magnífico e bem frio.

No dia seguinte rumamos para Cracóvia. No caminho paramos em Auschwitz, onde o grupo se dividiu entre os que iriam efetuar a visita e os que preferiam seguir viagem. A energia daquele local realmente é muito forte e pesada.  Auschwitz é para poucos.

Seguimos viagem e levei a querida amiga Luciana em minha garupa, pois seu marido Luiz ficou na visita. Obrigado pela confiança Lu! Chegando a Cracóvia, logo saímos para um passeio para conhecer o centro medieval e suas ruas e belas igrejas.

530 km separavam Cracóvia de Praga. Como é bela a “Cidade das 100 Cúpulas”! Com suas construções barrocas coloridas no antigo centro histórico, a Ponte Carlos, onde só passam pedestres e suas Igrejas Góticas. E foi nesta cidade incrível que nossa viagem chegou ao fim. De Praga, voltamos para Munique, e de lá para o Brasil; que difícil esse retorno, carregado de muita dor no coração.

Foi uma viagem inesquecível, feita com muito amor, carinho e com a certeza de um sonho realizado. Gratidão ao meu amado pai, que aos meus 8 anos de idade, me colocou em uma Mobyllete e me ensinou o que é amar as duas rodas e que em momento algum não me deixou desistir dessa viagem; que sempre me apoiou em minhas decisões, em meus novos caminhos, me ensinou a dar a cara à tapa, a trabalhar, lutar e sempre me reerguer quantas vezes sejam necessárias. Meu eterno amor por você. 

“NUNCA DESITA DOS SEU SONHOS, ELES SÃO O MELHOR QUE VOCÊ PODE VIVER” – ROSANA DRASCHI  17/08/2020