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Percorrendo as mais belas regiões da Bota, nosso leitor e sua esposa percorrem 2.300 km ao longo de 13 mágicos dias, conhecendo lugares incríveis e vivendo experiências inesquecíveis.

Texto: Carlos Henrique Lemos Cirino

Fotos: Beth e Carlos Henrique Lemos Cirino

Sou um apaixonado por motos desde criança, e nesta condição tento ler tudo que tenho disponível sobre este universo, e uma das coisas que sempre me chamou a atenção são as longas aventuras, realizadas em terras distantes por intrépidos viajantes.

Em 2016 já havia experimentado aventuras na América do Sul (Atacama, Machu Picchu, Ushuaia) e outras pelo Brasil afora, assim julguei-me competente para arriscar uma nova empreitada além-mar. Conversei com a Beth (minha esposa e eterna companheira) e decidimos que era hora de atravessarmos o Atlântico. Nosso destino escolhido foi a Itália, terra de nossas origens e repleta de belezas naturais.

Foi um ano de intensa preparação, planejamento e planilhamento do percurso a ser feito, reserva de recursos, passagens aéreas, reservas de alguns hotéis, aluguel da moto, fazer um curso rápido da língua para não passar muita vergonha. Em 02/05/17 embarcamos para Itália com destino a Veneza, muito chateados, pois nosso filho mais velho faz aniversário dia 03/05, e pela primeira vez em nossas vidas, não estaríamos presentes nesta data, mas ele entendeu.

Depois de conhecermos Veneza (nosso destino inicial), Roma, Nápoli, Sorrento (onde alugamos um scooter Honda 300cc para fazer a Costa Amalfitana), pegamos nossa motocicleta em Bardolino, às margens do Lago di Garda, uma BMW R 1200GS 2016 vermelha, equipada com as três malas, para começarmos nossa tão desejada viagem de moto pela Itália. Mas antes fomos à SIMOTO, loja de venda de equipamentos para motociclistas do Simone, onde compramos capacetes e luvas, e fomos muito bem atendidos.

Começa a jornada

Primeira parada Sirmione, cidade murada localizada em uma península do próprio Lago di Garda, muito linda. Depois do almoço partimos para Maranello, onde dormimos. Lá fomos conhecer o Museu Ferrari – incrível. Em Florença almoçamos aquela famosa “Bisteca Fiorentina”. Parada em Pisa para um sorvete e conhecer a torre e pernoite em Monterosso All Mare, última cidade do Cinque Terre, parque nacional italiano às margens do Mar Mediterrâneo que é composto por cinco cidades (Moterosso, Vernazza, Corniglia, Manorola e Riomaggior, interligadas por trem ou barco.

Ficamos duas noites e curtimos um espetacular passeio de barco, saindo cedo, descendo em cada uma das cidades e embarcando para outra a seguir.

De Monterosso All Mare fomos para Como e de lá para Lugano (Suíça), com hotéis de custo impraticável. Voltamos para Varese e nos instalamos num espetacular hotel quatro estrelas. Fomos jantar no lado italiano do Lago de Lugano, onde comemos uma bela pizza com um bom vinho (nacional) e fomos descansar, afinal no dia seguinte começaríamos a subir os Alpes.

Curvas e pista molhada

Saímos cedo, o tempo estava frio, fechado e com um pouco de garoa, mas estávamos bem agasalhados. Começamos a subir no sentido de St. Moritz e mesmo com o tempo fechado e a pista úmida, estava tranquilo. Paramos algumas vezes para contemplar as paisagens de montanha nevada e tirar algumas fotos e chegamos a St. Moritz já depois das 14h. Vi uma galeria que tinha estacionamento coberto e uma indicação de um café. Quando entramos, havia somente um homem atendendo e nenhum outro cliente. Nos sentamos, fizemos nosso pedido e começamos a conversar, logicamente em português. Para nossa surpresa o homem comentou em nossa língua que o clima mudava rápido por estarmos no alto da montanha. Na sequência engatamos um bate-papo.

Ele era paulista, estava na Suíça há 18 anos e era o proprietário do café. Foi muito bacana conosco e inclusive nos falou que no estacionamento não era permitido estacionar a moto. Na hora de irmos embora, desceu conosco até o estacionamento com uma grande bandeja de inox para acionar o sensor da catraca e podermos sair, e ainda pagou o estacionamento para nós. Foi muito legal.

De St. Moritz seguimos para Tirano, onde tomamos outro café, e seguimos para Bormio, nosso destino do dia, cidade pequena no alto da montanha, um espetáculo. Nos instalamos e o hotel que escolhemos era também uma pizzaria. Depois do jantar, fomos passear na cidade mas às 20h não havia mais viva alma nas ruas, como se a cidade fosse deserta.

Em nossa expectativa o dia seguinte seria o trecho mais bonito da viagem, pois iríamos conhecer o Passo Dello Stelvio. Acordamos, tomamos um bom café da manhã, fechamos a conta no hotel, e seguimos nosso objetivo, mas justo naquele dia o Passo estava fechado. Voltamos tristes para Bormio e fomos até o quiosque de informações onde nos informaram que o Passo estava fechado para a etapa do Giro d’Italia, mas que reabriria no dia seguinte às 7h30. Ficamos animados, voltamos para o hotel mas como nosso quarto já estava ocupado, o proprietário nos ofertou outro pelo mesmo custo.

Saímos cedo para o Passo Dello Stelvio. Simplesmente maravilhoso. Clima seco e ensolarado, topo coberto de neve. Passamos ao lado de um paredão de neve de mais de 3 metros de altura. Indescritível. Seguimos viagem e almoçamos em Merano,

curiosamente uma cidade na Itália onde o povo fala alemão.

Seguimos para Bolzano e de lá para Selva di Gardena. Que lugar! Dá vontade de não parar mais de pilotar. Passo di Gardena, Passo Gralba, Passo Falzarego, Passo Pordoi, Passo Pocol, e finalizando, Cortina D’Ampezzo. Mágico.

No retorno à Verona, ainda fizemos o Passo di Giau e o Passo Staulanza. Lá nos instalamos em um AirBnb próximo da estação de trem e ligamos para o Sr. Gianfranco (ex-patrão e atual sócio) que é italiano e tem apartamento lá. Uma noite memorável onde ele e sua esposa, Chica, nos receberam com um carinho impecável. Ele nos mostrou sua cidade natal, a casa onde nasceu, o beco onde brincava quando criança, a igreja onde foi batizado. Jantamos juntos na Piazza Brà, principal da cidade. Foi um grande prazer ter desfrutado estes momentos na companhia deles.

Depois de mais dois dias em era hora de embarcar para o Brasil.