A cidade de Salto (SP) reserva surpresas ao mesmo tempo intrigantes e convidativas para quem se aventura por lá! Moto Adventure visitou a região a bordo de uma BMW G 310 R e garante: vale a pena o passeio!

Texto e Fotos: Trinity Ronzella

Salto (SP)

Ytu Guaçu, que significa Salto Grande na língua nativa, era a região onde habitavam os índios guaianazes, antes de serem aprisionados e levados nas investidas das primeiras bandeiras paulistas, como mão de obra nas roças do planalto. A cachoeira, que hoje está no centro da cidade, já aparecia em mapas primitivos do governo espanhol, no início do século XVII. A atual cidade, no fim do século XVII, era uma propriedade rural chamada Sítio Cachoeira, adquirido pelo capitão Antonio Vieira Tavares (sobrinho do bandeirante Raposo Tavares). Essa região permaneceu por muito tempo sendo um bairro rural da vila de Itu.

Devido à distância de Itu, onde havia uma igreja, o capitão obteve permissão para construir e mandar benzer uma capela em sua propriedade, evitando, com isso, a viagem para assistir à missa na cidade. Em 16 de junho de 1698 ocorreu a primeira celebração no templo, data essa que é considerada como a fundação de Salto. A descoberta de ouro em Cuiabá fez da região ituana um trampolim para o interior do país. Foi onde foram organizadas as expedições fluviais que levavam e traziam homens, mantimentos e ouro, do centro-oeste para o sudeste, conhecidas como monções.

Aplicado o capital gerado com as atividades mineradoras em compra de terras, escravos, plantios de cana e montagem de engenhos, o povoado de Salto de Ytu, como era chamado na época, passou a integrar o quadrilátero do açúcar, delimitado por Mogi Guaçu, Jundiaí, Sorocaba e Piracicaba. As atividades canavieiras, em maior escala, café e algodão, somados à localização privilegiada perto da cachoeira, foram responsáveis pela chegada da ferrovia na região que, por sua vez, desencadeou a chegada de tecelagens, fábricas de meias, papel, etc.

Essa evolução trouxe, sobretudo, os italianos para trabalhar nas tecelagens, comércio e propriedades rurais. A iluminação elétrica veio no século XX, junto com água, esgoto, telefone, escola e a segunda usina hidrelétrica do Rio Tietê, a de Lavras (1904). Em 1950, outra explosão industrial se deu, ampliando em mais de 3.500 postos de serviços, definindo o perfil industrial da cidade.

Não são poucos os atrativos

Com uma história rica e de grande importância cultural, não faltam locais para serem visitados. A dica é começar pelo centro da cidade, pois dá para estacionar a moto e fazer muita coisa a pé. Tendo o Rio Tietê como ator principal, sua importância é bem destacada no Complexo Turístico da Cachoeira, no centro da cidade. Contando com a maior cachoeira do Tietê, que deu o nome à cidade e o “start” no desenvolvimento econômico, esse complexo é muito interessante. Tradições culturais, aspectos geográficos e paisagens surpreendentes, como a centenária Ponte Pênsil e a Ilha dos Amores, conta ainda com um pequeno museu muito que vale a visita. A Ponte Estaiada serve de observatório de terça a domingo, permitindo de seu mirante uma visão de 360 graus da cidade. São 12 andares em elevador panorâmico, com 48 metros de altura.

Ainda no centro, a Matriz Nossa Senhora de Monte Serrat foi construída em 1698, no sítio do Capitão Antonio Vieira Tavares e, em 1936, foi reconstruída nos novos padrões de arquitetura. Nessa mesma praça se encontra o marco zero da cidade, onde ela teve origem, representada pelo Monumento da Fundação. No entorno da praça, podemos admirar uma enorme edificação, muito bem cuidada, a antiga tecelagem Brasital, junto com sua vila operária adjacente. Vários períodos da história estão representados nessa praça.

Saindo do centro com a motocicleta, merece uma visita o Parque de Lavras e o Monumento à Nossa Senhora de Monte Serrat, que ficam juntos, distantes menos de 10 minutos da região central. O Parque de Lavras conta com a Nascente Modelo, a Praça de Granito, Relógio do Sol, Jardim das Bromélias e o conjunto histórico-arquitetônico construído em 1906, que originou a segunda hidrelétrica do Tietê. O monumento com 30 metros de altura é o maior do país erguido à santa, uma homenagem à padroeira da cidade. Além da bela vista do município, uma capela guarda os restos mortais do fundador de Salto.

Já no sentido de Itu, na saída da cidade, é hora de conhecer e se surpreender com o Parque da Rocha Moutonnée! Com ênfase nas eras geológicas e a evolução da vida em nosso planeta, oferece diversos painéis explicativos sobre o tema. Fora disso, a surpresa maior são as réplicas de nove dinossauros, alguns com movimento e sons,  espalhados pelo parque durante o percurso conduzido por um monitor local. Incrível! A Rocha Moutonnée, um granito róseo com formato arredondado, possui arranhaduras em sua superfície, produzidas pelas geleiras da era Paleozóica (há 270 milhões de anos), provando que essa região já sofreu muitas mudanças climáticas. Por ser um vestígio geológico raro, o parque foi tombado em 1990. Além disso, muitas histórias sobre Monções aconteceram por ali, inclusive a lenda do ouro escondido. O monitor vai lhe contar!

Esse roteiro pode ser feito em apenas um dia, num “bate e volta” bem aproveitado. Vale a pena! Existem outros atrativos na cidade. Não deixe de dar uma olhada no site da cidade:www.salto.sp.gov.br

Moto

Para este roteiro, utilizamos a nova BMW G310R. Essa naked da marca alemã surpreende tanto no conforto como em desempenho. Permite acompanhar tranquilamente os limites de velocidades das vias e do trânsito, sempre com sobra de motor e, na cidade, os freios eficientes e seguros, somado a facilidade de manobra para escapar do fluxo e estacionar, completam uma receita de sucesso! Nesse roteiro completo, rodamos 302 quilômetros e a média de consumo ficou em 26 km/l. O detalhe ficou para os semáforos e estacionamentos, sempre chamando atenção e despertando perguntas e elogios de admiradores. Pelo jeito, o sucesso é garantido!

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