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Concebida a partir da experiência da marca nas pistas, a RD 350 mexeu com a cabeça de diversas gerações e foi um marco no desenvolvimento tecnológico no mundo das duas rodas.

A Yamaha RD 350 foi o resultado de uma série de evoluções que começaram ainda em 1968 e que foram terminar em 1973. A sigla “RD”, de Race Developed (desenvolvida para corridas) lhe apontava as origens.

Seumotor bicilíndrico dois tempos, de 347cm3, refrigerado a ar, gerava 39,5 cv a 7.500 rpm. Trabalhando em conjunto com um câmbio de seis marchas, era capaz de levar seus 155 kg a atingir os 164 km/h. Mas mais surpreendente que isso era sua rápida capacidade de aceleração: precisava de apenas 7 segundos para ir de 0 a 100 km/h!

Além do sistema Autolube, que eliminava a necessidade de misturar o óleo 2T com a gasolina no momento do abastecimento, a moto apresentava uma outra novidade tecnológica: o Torque Induction, as chamadas “palhetas de torque”, que impediam que os gases da queima voltassem para o carburador, melhorando o torque em baixas rotações e reduzindo as emissões de poluentes.

Mas a combinação entre motorzão com freios subdimensionados e pilotos pouco experientes fez com que a RD 350 recebesse o apelido de “Viúva Negra”.

Um detalhe curioso é que além do cheiro ora delicioso, ora incômodo do óleo dois tempos, as RDs costumavam encharcar as velas, o que obrigava seus proprietários a andarem sempre com peças sobressalentes nos bolsos para não ficarem na mão ou pior: perderem seus pistões.

Depois de ter sido descontinuada em 1978 em favor da RD 400, em 1980 a mítica RD 350 ressurgiu, agora, equipada com motor com arrefecimento a líquido, o que lhe acrescentou ao nome a sigla LC (Liquid Colled). Esta novidade promoveu um acréscimo de 6 cv ao motor, que agora, passava a desenvolver 45 cv a 8.500 rpm.

Vanguarda

Em 1982 a RD 350 viria equipada com uma novidade que voltaria a ressaltar o pioneirismo e a vanguarda da Yamaha: o YPVS (Yamaha Power Valve System), uma válvula controlada por um sistema eletromecânico queregulava a vazão dos gases: em baixas rotações, restringia o fluxo, aumentando o torque e em altas, ia abrindo, permitindo ampliar a velocidade dos gases e com isso, a subida do giro. A potência subiu para 55 cv a 9.000 rpm.

Outros elementos que faziam crescer a admiração pela marca dos três diapasões – e também pela moto – era o fato de a RD 350 ter sido a primeira a receber quadro berço duplo (precursor do Delta Box fabricado em alumínio), suspensão traseira monoamortecida, rodas de alumínio e três discos de freio, para acabar com a fama de não parar, mas esta moto não veio para o Brasil, afinal, nossos portões estavam fechados.

Made in Brasil

Após atrasar a inauguração de sua planta de Manaus (AM) em um ano, em 1986 a Yamaha começa a produzir as primeiras RD 350 made in Brasil. Com visual mais esportivo, apresentava carenagem frontal fixa, farol retangular e rabeta com lanterna também retangular.

No processo de nacionalização, a taxa de compressão foi reduzida de 7,2:1 para 5:1 para adequar-se a menor qualidade da gasolina brasileira, enquanto que os giclês de alta dos carburadores Mikuni 26 foram ampliados para não correr o risco de furar os pistões por falta; as câmaras de combustão hemisféricas, que permitiam à moto atingir os 59 cv, foram simplificadas. Por outro lado, a suspensão dianteira apresentava regulagem pneumática e os pneus eram sem câmara, algo inédito em uma moto nacional.

A moto alcançava 200 km/h (186 km/h reais) e ia de 0 a 100 km/h na casa dos 5 segundos.

Em 1988 vem a carenagem integral, suspensão dianteira Showa, discos de freio vazados e o novo nome: RD 350R. Em 1991 surge uma nova geração, com carenagem totalmente fechada e faróis duplos. Neste ano, os pneus Pirelli Phantom foram substituídos pelos MT-75, que deram mais estabilidade e poder de frenagem à moto. Um novo semi-guidão foi incorporado, enquanto que a regulagam da pré-carga da mola passou de 4 para 5 possibilidades.

A RD 350 permaneceu com estas características até 1993, quando deixou de ser vendida no Brasil por conta das restrições ambientais. Ela ainda foi exportada para os mercados italiano, alemão e espanhol até 1995, quando saiu totalmente de produção, deixando até hoje um rastro de saudade tão intenso quanto o perfume que emanava dos seus escapamentos.