O Brasil oferece várias opções de roteiros para motociclista nenhum botar defeito! Tem para todos os gostos, bolsos, motos, dificuldades, terrenos e distâncias! Está ficando difícil arrumar desculpas para deixar a motocicleta parada na garagem e não se aventurar em alguns deles!

TEXTO E FOTOS: TRINITY RONZELLA

Novidade!

Recém lançado, o Caminho da Paz é um roteiro de peregrinação que passa entre cidades e distritos, por 18 localidades do interior paulista, percorrendo aproximadamente 388km de estradas não pavimentadas. Esse roteiro, além de ser percorrido a pé e de bike, dá para fazer de moto. Foi o que fizemos e vamos relatar aqui. Não deixando de ser um desafio, tem apelo turístico, ecológico, religioso e cultural, devido à riqueza e diversidade da região.

Sinalizado por placas próprias e também com setas amarelas pintadas em postes, pedras, mourões, etc. O traçado tem como objetivo chamar a tenção para os atrativos da região, desenvolver o turismo, mostrar um pouco da cultura/história local, enfim, esse passeio vale a pena desde o pão com mortadela e queijo em Santa Rita do Passa Quatro, o Observatório em São Carlos, a Cachoeira de Emas em Pirassununga, Tambaú do Pe. Donizetti, dentre muitos outros atrativos. Depois de feito, boas lembranças e imagens guardadas na memória é o que vão ficar, é só se programar e ir!

O roteiro

O início do passeio foi a partir de Santa Rita do Passa Quatro, mas pode começar por qualquer uma das cidades do roteiro. Saímos de São Paulo bem cedo e por volta de 9h estávamos fazendo nosso primeiro registro na região, a Igreja Matriz. Teríamos três dias inteiros para percorrer os quase 400km em estradas de terra do roteiro, orientados por placas, setas amarelas pintadas e a lista de cidades com as distâncias por onde passaríamos, a idea era ir sem GPS, na raça!.

Dia 1 – 122km

De Santa Rita, por terra, seguimos para Porto Ferreira, cidade da cerâmica. Passando pela ponte sobre o importante Rio Mogi Guaçu,  atravessamos a cidade para cruzar a SP-330 e voltar a estrada de terra até Descalvado. O Salto do Pântano é o principal atrativo da cidade, se tiver tempo, vá! Após Descalvado, o destino foi  o Distrito de Santa Eudóxia, que já faz parte da cidade de São Carlos. Esse distrito está cercado de fazendas históricas, além do Museu de Pedra “Tinho Leopoldino”, que conta um pouco da história da região. Em seguida, roda-se mais um trecho para depois chegar na Represa do 29. Um bar às margens da estrada é uma boa opção para uma parada. Essa represa nos finais de semana recebe bastante banhistas da região.

Seguindo o roteiro, a próxima referência será o distrito de Água Vermelha, já bem próximo de São Carlos. Fique atento às setas para não sair da rota! Ao voltar para o asfalto, já em São Carlos, a estrada passará por cima da rodovia SP-310 e seguirá para o centro.  A cidade conta com boa infraestrutura e algumas opções de entretenimento, uma delas é conhecer o observatório  Dietrich Schiel, no campo da USP, bem no centro da cidade.

Dia 2 – 178km

Depois de um bom descanso e um ótimo café da manhã, demos continuidade ao passeio a partir de São Carlos. O roteiro corta a cidade e passa pela Catedral de São Carlos, uma construção imponente, que vale a foto! Seguimos para a Represa do Broa, por um bom trecho de asfalto, mas não menos interessante. Fique atento para não cometer o mesmo erro que nós se quiser chegar às margens da represa. Antes do pedágio, entre para o condomínio à direita para chegar à represa, ou siga em frente para dar continuidade ao roteiro. Dependendo da época, nesse trecho, um corredor de Eucaliptos dá um visual bem legal na estrada!

Próxima cidade, Itirapina tem a Cachoeira do Saltão e o Morro do Fogão como atrativos naturais, fica a dica! O roteiro corta a cidade e volta para terra, no sentido de Corumbataí, a aproximados 22km de distância. Em Corumbataí, a simpática igreja vale a visita e, aproveitando, é bom comer alguma coisa para depois seguir para Analândia. Em Analândia, o cartão postal é o Morro do Cuscuzeiro, que é avistado desde a entrada da cidade, nas costas do Cristo! Vale dar uma escapada do caminho para um banho na Cachoeira do Escorrega, é perto!

Seguimos para Santa Cruz da Conceição e ficamos surpresos com a cidade. Ela cresceu no entorno da Represa Dr. Euclides Morelli. Batizada como prainha, devido à faixa de areia ao seu redor, ela atrai muitos turistas para a cidade. Seguindo, o caminho atravessa o centro da cidade de Leme, passando pela praça central com sua igreja e coreto, características das cidades interioranas. E na sequência, de novo na terra, chegamos a Pirassununga, nosso local de pernoite!

Dia 3 – 97km

Acordamos cedo, porém, mais tranquilos, pois inicialmente iríamos atravessar a cidade e fazer alguma foto, para depois pegar um bom trecho de asfalto até nossa próxima parade: a Cachoeira de Emas! Emas é um lugar que, não sei porque, demoramos para conhecer! Um ambiente tranquilo, cenário maravilhoso, com vários pontos para fotografar e, de brinde, os aviões da Esquadrilha da Fumaça sobrevoando a região. Vontade de ficar mais, mas, ainda tem chão! Continuando por asfalto, pista simples até Santa Cruz das Palmeiras, sem antes notar, quase na cidade, à esquerda da estrada, uma antiga estação em pleno abandono, se desfazendo com o tempo, a história local se esfarelando, e nós fotografamos!

Seguimos e atravessamos mais essa cidade para, no final, após uma avenida com palmeiras no canteiro central, sairmos à direita para seguir por terra, sempre seguindo as placas ou setas pintadas.

Próximo destino: Tambaú, a cidade da cerâmica e do famoso Padre Donizette, que está em processo de Beatificação. Próximo à igreja existe a Casa Museu do Padre Donizette, além de loja onde podem ser adquiridos alguns souvenirs, antes de seguir para o distrito de Santa Cruz da Estrela. Lá, o tempo passa bem mais devagar e o sossego reina, o caminho atravessa o distrito e segue mais um pouco por asfalto, fique atento às setas, pois sairá para a estrada de terra à direita em poucos minutos para o último trecho do Caminho da Paz até voltarmos a Santa Rita do Passa Quatro.

Resumindo…

Se tiver tempo e não está pressa, gosta de belas paisagens e de enfrentar uma terrinha, conhecer um pouco da cultura regional e passar dias agradáveis, essa é uma ótima opção! A estrada é tranquila, com alguns pontos mais delicados de areia, mas nada que uma boa dose de cautela e paciência não resolva para seguir adiante. Na região também faz bastante calor, por isso, leve água e alguns comes e bebes para repor as energias, além de roupas mais frescas. No mais, convide os amigos e bom passeio!

Fique esperto!

Infelizmente algumas pessoas acabam retirando ou modificando algumas sinalizações, fique atento e, na dúvida, pergunte. Em alguns trechos do roteiro, vão aparecer setas do Caminho da Fé, portanto, não se confunda. Consulte o site oficial: www.circuitocaminhodapaz.com.br, para maiores informações. As estradas tem diferentes tipos de solo, vai de chão batido a trechos de areia, podem haver erosões devido à chuva, mas, são todas estradas transitadas por veículos normais, não exigindo ser 4×4. Os trechos de deslocamento entre um local e outro são curtos, leve o roteiro no bolso com informações de hotéis e pousadas credenciados.

Pode se programar para começar o roteiro em qualquer uma das cidades relacionadas. Não recomendamos fazer o percurso sozinho, vá em pelo menos duas motos. Até o fechamento dessa matéria, a organização do roteiro estava providenciando os passaportes para motocicletas, pois até então, só tinha para quem o faz de bicicleta ou caminhando, se informe a respeito. No site existe o arquivo de GPS com o roteiro todo para baixar. Na somatória, rodamos mais do que o esperado, devido a alguns erros de percurso, idas e voltas para fotografar, enfim, tudo dentro do imaginado.

O Museu de Pedra tem um horário de funcionamento das 9h às 15h durante a semana, e até às 16h aos sábados, e é fechado aos domingos. Mas, vale uma ligação antes para confirmar a visita: (16) 3373-2700 – ramal 313. Em Santa Rita do Passa Quatro, vale a pena comer o pão com mortadela e queijo no Posto Duas Avenidas e, se não tiver fila, “bater uma água” na moto para voltar para casa. Se restar dúvidas sobre o caminho, entre em contato com o Binho através do número: (19) 98204-9607 – ele conhece tudo sobre o percurso e anda de moto, é ótima pessoa e pode dar boas dicas! Os quilômetros dessa matéria são só uma referência, pois rodamos muito mais para fazer imagens e conhecer alguns atrativos.

A máquina

A moto usada nesse roteiro foi a KTM Super Adventure 1290 S, uma motocicleta feita para viajar, não importando para onde. Na estrada ela é muito segura e eficiente, ao mesmo tempo que enfrenta tranquilamente estradas de terra. Se mostrou econômica por ser uma 1300cc, e o motor esbanja potência!

Onde dormir:

Dentre várias opções do roteiro, nos hospedamos nessas indicações devido ao cronograma adotado:

São Carlos: Slaviero Executive São Carlos – R. Kenneth Gilbert Herrick nº 101 – São Carlos/SP.

Tel: (16) 3351-7625

Pirassununga: Hotel Municipal Pirassunung -: Rua Siqueira Campos nº 1546 – Centro/SP.

Tel: (19) 3561-1786

Agradecimentos

Agradecemos a organização e parceiros do Caminho da Paz por incentivar e apoiar o turismo e cultura da região, com isso, fornecendo mais uma opção de roteiro para desfrutarmos! Binho Samogim, obrigado pelo apoio, empenho e confiança mais uma vez, Santa Rita e o Caminho da Paz precisam de pessoas como você!

Um agradecimento especial à KTM do Brasil por fornecer o modelo KTM Super Adventure 1290 S, que é perfeito para este passeio.

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