Royal Enfield Continental GT 535
Royal Enfield Continental GT 535

Fizemos um test-rider com a motocicleta Royal Enfield Continental GT 535, e todos os detalhes da pilotagem você confere agora

Texto e Fotos: Trinity Ronzella

Royal Enfield Continental GT 535

Apresentamos na edição 198 da Revista Moto Adventure os modelos disponíveis da Royal Enfield, recém chegados ao Brasil, porém, agora pegamos a Continental GT para saber, na real, o que ela nos oferece. Utilizamos a moto em mais de 400 quilômetros por todo o tipo de terreno: na cidade de São Paulo, no interior, em rodovias com várias faixas de rodagem, em pista simples, asfalto, paralelepípedos, terra, curvas, subidas, enfim, colocamos realmente essa máquina para rodar.

Royal Enfield Continental GT 535
Royal Enfield Continental GT 535

Um pouco de história

Para entendermos um pouco sobre a Royal, vamos falar resumidamente  sobre sua história, que está sendo escrita desde 1891, quando a Cycle Company Towsend, de Redditch, inicia o fornecimento de peças de máquinas de precisão para a Royal Enfield Small Armas Factory, em Enfield, Middlesex, ambas no Reino Unido.

Em 1.893 é criada a Royal Enfield que, depois de 5 anos, produz seu primeiro quadriciclo! Já em 1901, com motor de 11,2 cavalos, a primeira motocicleta é produzida, se tornando, com isso, uma das marcas de moto mais antigas da história!

Com o início no mundo das duas rodas, a evolução e surgimento dos modelos foi questão de tempo. Algumas datas foram marcantes, como em 1924, por já ter 8 modelos em linha e, também, um modelo 2T de 225cv, com foco no público feminino. A lendária Bullet nasceu em 1932 e é produzida até hoje.

Durante a segunda guerra (1939), surge a Airbone, conhecida como “pulga voadora”. Com 125cc e motor 2T, foi feita para ser lançada de aviões, usando paraquedas. A India surge nessa história em 1949, devido a parceria com a indiana Madras Motors, que começa a importar motos britânicas, incluindo a Royal Enfield.

A criação da Enfield India se dá em 1955 e, no ano seguinte, já começa a produção dos “kits” vindo da Europa para serem montados em Madras, sendo 163 unidades em 1956. Em 1964 a aposta foi feita na “Café Racer”, quando surge a Continental GT no Reino Unido para, em 1970, a fábrica encerrar as atividades, permanecendo a produção na India.

A Continental GT voltaria a ser produzida em 2013, 49 anos depois, na fábrica nova de Oragadam, também na India, com um novo chassi e seguindo o mesmo estilo. Em 2015, em Milwaukee, terra das HDs, é inaugurada a primeira subsidiária da marca nos EUA, para em 2017 chegar ao Brasil.

Depois de conhecida uma pouco dessa história, vamos à Continental GT!

Royal Enfield Continental GT 535
Royal Enfield Continental GT 535

Primeiras Impressões

O visual da moto agradou de cara. Apesar do contraste com as motos que rodam hoje em dia, o estilo Café Racer está em alta e dá um ar nostálgico, trazendo boas lembranças. A simplicidade chama a atenção na leitura do painel, que marca a velocidade e dispõe de conta-giros analógicos e digital, mostrando a quilometragem total e dois odômetros parciais.

Os comandos são os básicos necessários, como setas, buzina, farol alto e baixo, ignição, relampejo, corta corrente e afogador. O farol redondo tem sua regulagem por parafusos em suas laterais, prático e simples. Enfim, literalmente é sentar, ligar e andar, está tudo prático, fácil e sem mistérios.

Outro ponto que chama a atenção é o pedal de partida, que com o tempo está sumindo das motos, mas, quando a bateria falha, faz diferença. A ausência de chaves para abrir o tanque de combustível também foi bem-vindo, e o kit de ferramenta já se mostrou eficiente quando fomos regular o farol, o que levou menos de 5 minutos.

Em uso

Após sair com a moto, leva-se algum tempo para se acostumar com tanta simplicidade. Aceleração, embreagem e freios, mas….é questão de alguns quilômetros. A posição de pilotagem aparenta ser mais esportiva do que realmente é, pois, apesar dos semi-guidões, eles não estão baixos a ponto de incomodar, e  as pedaleiras estão posicionadas mais atrás, porém, sem castigar o piloto.

O banco monoposto aparenta ser, mas não é duro! Por isso, posso afirmar que a moto é confortável para a proposta que oferece. Tem que dar um tempo para o corpo acostumar com a posição, como ocorre em qualquer mudança de estilo. Os quilômetros rodados dentro da cidade foram prazerosos, sem me incomodar com o calor do motor e pela facilidade de mudança de direção nos zigue-zagues metropolitanos. Uma moto leve, ágil, com motor forte e câmbio longo e macio, tornando simples de conduzir.

Royal Enfield Continental GT 535
Royal Enfield Continental GT 535

Difícil foi acostumar com os olhares de todos por onde passava ou parava. Na atual situação que vivemos, em outras motocicletas isso me incomodaria e preocuparia muito, entretanto, com a Continental GT, esses olhares eram de admiração e curiosidade, o que rendeu vários elogios e perguntas. Mesmo nas estradas, percebi os carros que passavam pelo meu lado frear para admirar a moto, fazer um sinal de positivo e seguir.

A suspensão também agradou! O curso de 110mm da dianteira e os amortecedores a gás Paioli duplos na traseira, com curso de 80mm e ajuste na pré-carga, deixaram a moto na medida certa para o estilo, mantendo a segurança nas curvas e o conforto na cidade.

Os pneus Pirelli Sport Demon, aro 18 nas duas rodas, ajudam na estabilidade e absorção de impactos, principalmente nessas ruas esburacadas das cidades, bem como se mostraram seguros nas estradas de terra que enfrentamos, além de dar um toque especial no visual.

Na estrada

Rodamos quase 500 quilômetros em várias situações para termos uma opinião a respeito dessa máquina. Pegamos pista dupla e simples, asfalto, paralelepípedos e terra, curvas de todos os tipos e colocamos ela em uma pista de treinamento para off-road, com subidas/descidas, areia, cascalho, fizemos slalon…enfim, usamos e abusamos dela!

Nas rodovias, conseguimos manter as velocidades permitidas com sobra e segurança. Ela roda a 120km/h sem esforço e, se precisar, oferece mais. Mas, não espere um comportamento de esportiva nela, não é essa a proposta. Aos 170km percorridos, comecei a sentir um pouco o incômodo da posição, por não estar habituado, o que considero ser normal, mais uma questão de costume. Um ponto que me deixou um tanto inquieto foi a vibração excessiva dos retrovisores, que prejudicava a visualização do que estava atrás. Já em relação à vibração do motor, tudo dentro do esperado. O barulho do escapamento que, pelo estilo, pede um ronco mais esportivo, na estrada esteve perfeito, sem causar desconforto.

Royal Enfield Continental GT 535
Royal Enfield Continental GT 535

Freios

Equipada com freio a disco e pinças Brembo de 300mm na dianteira e 240mm na traseira, os freios se mostraram muito eficientes, ponto positivo pra eles! Testamos sua eficiência em uma pista de grama, “alicatando” tanto o dianteiro como traseiro para ver o comportamento da moto, o que surpreendeu. Certamente essa Café Racer está bem atual em relação aos freios e ao estilo.

Ficha Técnica

Essa Café Racer de 184kg vem equipada com injeção eletrônica de combustível, motor monocilíndrico de 4 tempos com 535cc e refrigerada a ar, com 5 marchas, freios a disco simples nas duas rodas e com capacidade de 13,5l de combustível. Fizemos em média 25km/l, andando dentro do limites estabelecidos por lei, dando uma autonomia de mais de 300 quilômetros. Excelente!

Essa Continental GT chega em um momento onde o consumidor está muito preocupado em andar com sua moto, principalmente nas capitais, devido ao grande número de assaltos. Com essa opção de uso diário, uma moto simples, de fácil condução e com forte apelo visual, com baixo investimento e alta tranquilidade em relação a segurança, pode ser uma ótima alternativa. Ela custa a partir de R$ 23.000,00 e vai agradar muita gente!

VEJA TAMBÉM: Royal Enfield apresenta duas motocicletas customizadas no Wheels and Waves 2017.